terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Buenos Aires não é mais aquela, olha a cara dela...

Muita coisa mudou desde minha outra estada em BsAs. Na realidade, a farra que nós brasileros fazíamos na capital hermana já se foi, porque, exceto pela camisa polo da Lacoste (que continuo relutando em comprar, porque não vejo motivo em pagar tão caro), tudo aumentou, em peso, em real ou em dólar. Na realidade, a inflação alta, o consequente aumento da pobreza e a política populista de Cristina fizeram com que o país perdesse muito do charme e do ar europeu que deve ter tido em algum momento pelo qual sequer passei (asseguram-me os amigos que realmente houve). Quando vim aqui há 2 anos, confesso que não gostei muito, pois tinha uma vida corrida, pegando metrô cheio na hora do rush e viajando por 12 estações, conhecendo coisas que nem sempre diziam muito pra mim, só conseguindo me encontrar nos últimos dias, quando, finalmente, segui os conselhos de Tininha e fui passear pela Av. del Libertador e arredores. Desta vez, a diferença foi que, para apresentar a Lucas algumas das coisas que eu já conhecia, consegui pensar algo da melhor parte, principalmente no último dia de viagem, em que já havíamos cumprido a parte de locais turísticos e de shopping, com nosso melhor dia. Aliás, falando em shoppings, como eu disse, eles não são mais os mesmos, tudo é mais caro do que antes e estavam sempre cheios, de porteños e de brasileros, porque, por exemplo, na Calle Florida, parte turística, só se ouvia português, estava que nem New York, kkkk... A parte boa de haver tanto brasileiro é que agora se aceitam reais, assim como já se fazia com o dólar, em muitos dos lugares, e a cotação tem sido favorável – 2,50 pesos por real, em média. Ainda continuamos ajudando a mover o comércio da cidade, mesmo que não como antigamente, mas já há mais atendentes falando português, já escrevem “liquidação”direito, já há muitas placas em nossa língua, ou seja, como nos EUA, estão-se adaptando, porque somos muito bem vindos. Shoppings de que gosto: Galerias Pacífico (na Florida, lindo prédio), Alto Palermo (pra encontrar gente fina e elegante), Pátio Bullrich (pra encontrar gente rica e gastar aos tubos com as marcas de luxo) e Abasto (em um antigo mercado).

Agora vamos às dicas e comentários.

A visita aos lugares históricos pode ser feita, como em todo lugar de turismo organizado, num ônibus que faz city tours, daqueles sem a cobertura de cima. Não vi o preço, pois não precisávamos, mas é sempre bom pra sabermos, inclusive, do porquê daqueles monumentos, sua importância e contexto; guias especializados também podem ser conseguidos, e minha amiga Deia me recomendou uma, cujo número posso passar a quem quiser. Bem, desta vez, como também era feriado (e eu não sabia, ainda que tivesse procurado saber), a Casa Rosada estava aberta a visitações, mas ainda algo muito desorganizado, sem informações iniciais, que só entramos no primeiro pavilhão, com fotos de ícones da história latino-americana, incluindo Getúlio e Tiradentes; não fizemos a parte interna porque seria demorada, mas tiramos foto “com Cristina” também na foto. Aliás, pessoa peculiar é la presidenta. Amam-na, odeiam-na, com paixão, argentinos parecem ser assim mesmo. Encontramos gente que disse que não votou nela, mas votou; gente que a defende com unhas e dentes; e gente que sequer gosta de tocar no nome dela - brincalhões como nós brasileiros somos, decidimos tirar uma foto com um cartaz que diz “Todos con la presidenta” ou algo assim, e a guria se recusou a nos fotografar, já que era assim... Vale a pena ver a Floralis Generica, no Parque de la Flor, perto da Facultad de Derecho, na Presidente Alcorta.

O transporte público continua interessante. O metrô agora custa $2,50, o que é muito barato para nós (mas era $1,80 há 2 anos), e na quarta-feira, andamos de graça, não sabemos exatamente o porquê, mas foi o que aconteceu na volta. Os táxis continuam baratos, mas histórias aconteceram, como, por exemplo, um taxista que nos ofereceu maconha, dizendo que éramos os primeiros brasileiros que não entraram no táxi e imediatamente pediam a erva, e até a tirou do bolso e praticamente esfregou na nossa cara, ao que eu disse, tranquilamente, que preferíamos ficar altos com deliciosos vinhos argentinos, mesmo. A dica para a chegada é já reservar desde casa o táxi do próprio aeroporto de Ezeiza, que fica por $180 para qualquer lugar da cidade; na volta, seguindo os conselhos de Javi, tomamos um taxi comum, que cobrou basicamente os mesmos $150 que teríamos pagado ao Táxi Ezeiza, então suponho que dependa de onde se está para ser melhor o preço do não encomendado; na internet, há um serviço de $125, mas não conheci.

Como falei em vinho, ah, eles continuam baratos, amém!; é praticamente a única coisa que ainda vale a pena. Comprei no supermercado um vinho chamado Orfila por $13, simplesmente ótimo. Há, claro, vinhos de todos os preços, mas muitos ainda continuam mais baratos do que o refrigerante, por exemplo.

Os produtos de beleza importados, como das marcas La Roche-Posay e Vichy, que me haviam sido encomendados, vieram pelas metades, porque alguns estavam inacreditavelmente mais baratos, e outros muito mais caros, mas consegui pegar promoções, o que é muito comum, de comprar 2 e ganhar descontos; conseguimos também promoção no Duty Free de Ezeiza, que continua enorme e maravilhoso, mas os preços se comparam com os do Brasil, só que um pouco mais baratos; a Farmacity continua presente pela cidade toda, mas senti falta de algumas coisas. Consegui foi comprar minha pomada de cabelo pela metade do preço, assim como protetor labial – perfumes são mesmo mais vantajosos no Free Shop, da outra vez comprei vários nas farmácias mesmo.

O sistema de Tax Free continua incipiente, mas se deve prestar atenção a ele nas lojas, principalmente nos shoppings. Comprar alfajores é de lei, mas, à exceção de quem “ama” os Havanna, não vejo necessidade de se os comprar, já que são os mais caros (antes, caixa de 12 por $36, hoje, caixa de 6 por $32... um trem que nós já esquecemos e que se chama inflação), pois há mais baratos e até melhores no supermercado. Recomendo o Disco para estas situações – e se for ficar mais dias, melhor ainda, pois você sempre ganha cupons para ganhar descontos na compra seguinte.

O sítio da cidade, http://www.bue.gov.ar/home/index.php?lang=pt,é muito bom e dá muitas dicas – vale também pegar um mapinha logo no quiosque de informações no aeroporto, dá para ir-se virando com tranquilidade, caso já não o tenha baixado no http://www.bue.gov.ar/imagenes_guias/guia_bsas_portugues.pdf ou tenha o aplicativo de iPhone ou similar. Aliás, a cidade tem wi-fi na maioria dos lugares – chegue e pergunte pela “contraseña para wi-fi”. Ah, e existe um sistema na cidade de se alugarem bicicletas – não testamos, mas sabemos que é válido e muito bom, como em outras cidades turísticas do mundo; contaram pra mim que no Rio também existe e é muito legal, e em Paris também tem.

Bem, os hermanos continuam não sabendo lidar com cartão de crédito com chip (lembrar-se de habilitá-lo para uso no exterior com sua operadora). Toda vez é uma confusão e um funcionário mais experiente tem que ajudá-los e explicar como é, e você, além de usar a senha, tem que assinar e colocar um documento de identidade); a função débito, às vezes, não funciona, mas continua valendo aquela de se levar cartão de crédito, de débito, Cash Passport/Visa Travel Money (que se compra nas casas de câmbio ou banco, e se pode recarregar sempre, e que tem melhor valor e menos impostos) e papel moeda. Aliás, andar com real é tudo em BsAs, porque a cotação tem sido muito favorável a nós. Nas casas de câmbio, a média tem sido entre $2,10 e $2,30, mas nas lojas vimos de $2,40 a $2,65, podendo-se pagar em real mesmo, o que faz diferença no caso de se comprar muita coisa. Sacar dinheiro diretamente no caixa automático é bom, mas me lembro de que, no Peru, paguei R$20 por saque de R$308 (450 soles, o máximo por cada saque), o que leva a compensar a taxa de câmbio, dependendo do valor. Ah, e se aceita muito American Express, com promoções bem específicas. Câmbio bom é no Banco de La Nación, na própria Plaza de Mayo tem a matriz, num prédio que vale a pena só de ir ver, inclusive. Na chegada ao aeroporto, dava pra trocar no quiosque deles já no saguão, depois da porta de desembarque, que tinha um valor melhor, mas desta vez não vi se o quiosque ainda estava lá. Os outlets ficam na Córdoba, entre 4200 e 4900, mas nem fomos lá, já que os preços estavam ruins mesmo. Aliás, vi menos sacolas aqui no avião, inclusive.

As livrarias continuam repletas de gente e opções, só é uma pena que, de novo eles, os preços não estejam mais tão convidativos, mas saborear um café lendo um livro na El Ateneo não tem preço, ai ai... Também qualquer tipo de parada nos cafés charmosésimos que há em todos os lugares é obrigatório. Dá pra se perder pela cidade, parando neles, saboreando um espresso, que sempre vem com um bolinho ou biscoitinho e/ou uma aguinha com gás, enquanto se lê um livro ou se vê a parte bonita da cidade passeando na sua frente – nos bairros “bons”, essa parte é muito bonita messssmo.

O verão é de chuva, mas não vi nenhuma chuva que durou – vale à pena levar roupas leves, claro, um tênis confortável para andar, andar, andar, como em qualquer turismo, e um casaquinho pra voltar pra casa de noite, valendo lembrar que naquele monte de lugar que há pra se ir, tudo termina tarde – houve dias de irmos jantar à 1h da manhã, e tudo lá bombando.

Celular é uma coisa que por vezes funciona, por vezes, não. Acho muito caro o roaming internacional, mas a gente recebe mensagem de graça mesmo, daí, tem sempre um locutório, de onde se podem fazer ligações por um preço interessante (vi coisa de $1,50 o minuto) ou o prático do Brasil Direto, 08009995500, que vale pra todos os lugares e você liga a cobrar pro Brasil – no sítio da Embratel você encontra os números para todos os países do serviço, que super funciona sempre. Há que se habilitar o celular antes de sair do Brasil, senão nem as mensagens a gente recebe.

Então, Buenos Aires tem ótima comida, e acho mais do que válido que sempre se prove a comida local – McDonald’s é para quando não temos tempo de pensar, ou para ser prático, e até nisso ando mudando, ao tentar comer, quando possível, nos fast foods locais – no Peru, o Bembo’s é muito bom, em BsAs eu não procurei. Desta vez, eu comi foi comida patagônica. Agora, detalhe irritante da situación: talher de plástico. Aff, isso é uma praga em qualquer praça de alimentação, uma pobreza só. Parem e analisem: como é que vamos cortar aquelas toletes grossos de carnes (na maioria das vezes sangrentas, porque o estilo é mal passado mesmo, ainda que euzinho não goste) com talher de plástico??? E olhem que comida não é coisa barata por lá, não, e você ainda ficar fazendo exercício para comer? Até perdemos a fome. Comer empanadas é obrigatório, assim como se recomenda provar as medialunas, que são como que croissants; mas até a torrada que comemos nestes dias estava maravilhosa, talvez a melhor que já comi na vida.

Então, eu costumo viajar sozinho. Já conheci vários lugares neste mundo, sempre me “apoiando” no apoio logístico propiciado pelos amigos, na maioria das vezes. Na realidade, nunca consegui fazer uma viagem completa com meus velhos amigos, pois sempre um não podia ir junto, ou voltar junto, ou pra facilitar não se ficava na mesma casa, esse tipo de coisa. Com amigos novos, a coisa tem sido diferente (o Lu é um velho-novo amigo). Na verdade, a companhia é algo muito importante para o sucesso de uma viagem, principalmente se baseando no quesito compatibilidade: os interesses precisam, no mínimo, ser próximos e as pessoas têm que ser relativamente independentes, para conseguirem desfrutar do lugar e das coisas que ele oferece. E esta viagem foi um exemplo de como é bom também poder viajar com alguém. Ainda que fosse minha segunda vez em BsAs, voltar a alguns lugares não foi nada ruim, ter com quem conversar o tempo todo faz com que a gente até faça mais coisas, principalmente pra gente como eu, que adora ficar quieto dentro de casa, ainda que esteja a milhares de quilômetros da minha própria cama. Aliás, neste momento em que Lucas continuou de feriado e eu segui em frente, porque tenho que trabalhar, a parte do ficar sozinho somente me permite terminar meu post, enquanto espero as horas passarem até o momento de voar de novo, e confesso que está sendo bem estranho. Claro que, horas depois, encontrei aquele tanto de montes-clarense voltando pro sertão...

Assim, últimas dicas de Buenos Aires estão em http://viajeaqui.abril.com.br/indices/conteudo/multimidia/videos/mt_video_274208.shtml e http://viajeaqui.abril.com.br/materias/boasvindas/mt_boasvindas_cidades_227493.shtml. Neste sítio, consegue-se encontrar muita informação sobre a cidade e outras, além de boas dicas de viagem. For those who speak English, I also recommend this site on trips, which will be of very good use about trips in general and cities in the US: http://www.nomadicmatt.com/travel-guides/united-states-travel-tips/ .

E, pra finalizar, por mais que eu viaje, sair do Rio de Janeiro, ainda que do Galeão, ah, aquela vista sempre me emociona. Os comissários só precisavam era aprender a falar inglês direito, neam, porque, putz!, mas, ao menos, é um momento de descontração.

Ósculos e amplexos!

(Post escrito entre EZE e CNF.)

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PS: Pra quem sabia da minha outra viagem, sim, perdi a birra. Só não sei é quando volto…