domingo, 5 de outubro de 2014

Dica de português #6: Simples assim...


Homem diz OBRIGADO, mulher diz OBRIGADA; se há mais de uma pessoa agradecendo, OBRIGADOS ou OBRIGADAS... Li muitas coisas dizendo sobre a última parte, que não precisa pluralizar, mas é o que diz (dizia?) a norma culta, e acho mais lindo quando minhas alunas terminam uma apresentação com OBRIGADAS! 
Ah, e o uso do MUITO antes não influencia em nada, porque o advérbio não vai variar mesmo... só serve para intensificar: MUITO OBRIGADO, MUITO OBRIGADA, MUITO OBRIGADOS, MUITO OBRIGADAS...

Então, THANK YOU VERY MUCH, MUCHAS GRACIAS, GRAZZIE MILLE, MERCI BEAUCOUP, DANKE SCHÖN, VA MULTUMESC FOARTE MULT...

domingo, 14 de setembro de 2014

Dica de português #5: "Pérolas paroquiais"

Repostagem do blogue da professora Dad Squarisi, para o Correio Braziliense: simplesmente fantástico!


“Santa inocência, ingenuidade ou criatividade?”, pergunta Elimar Nascimento & cia religiosa. Frequentador da paróquia do bairro, ele anota avisos destinados aos fiéis. Volta e meia leva sustos. Às vezes, morre de rir. Outras, recorre à bola de cristal para adivinhar a mensagem. A razão: os textos são escritos com boa vontade e má redação. A boa vontade ninguém discute. Padres e paroquianos só querem fazer o bem.

Mas, como diz o povo sabido, “de boas intenções o inferno está assim, ó, pululando de moradores”. A redação joga em outro time. A gente pode criticá-la. E, sobretudo, melhorá-la. Quer ver? Eis alguns recadinhos expostos em murais. Primeiro, na versão original. Depois, na retocada. (O assunto já mereceu uma coluna. Volta, a pedido, ao cartaz.)

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Para todos os que tenham filhos e não o saibam, temos na paróquia uma área especial para crianças.
(Avisamos aos pais que a paróquia dispõe de área especial para crianças.)

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Quinta feira, às cinco da tarde, haverá uma reunião do grupo de mães. As senhoras que desejem formar parte das mães devem dirigir-se ao escritório do pároco.
(Quinta-feira, às 5h da tarde, haverá reunião do grupo de mães no escritório do pároco.)

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Na sexta feira, às sete, os meninos do Oratório farão uma representação da obra Hamlet , de Shakespeare, no salão da igreja. Toda a comunidade está convidada para tomar parte nessa tragédia.
(Na sexta-feira, às 7h, os meninos do Oratório representarão a tragédia Hamlet, de Shakespeare. Venha prestigiar a talentosa garotada.)

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Prezadas senhoras, não esqueçam a próxima venda para beneficência. É uma boa ocasião para se livrar das coisas inúteis que há na sua casa. Tragam seus maridos.
(Senhoras e senhores, não esqueçam a próxima venda beneficente. É boa ocasião pra se livrar das coisas inúteis que entulham sua casa.)

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Coro dos maiores de 60 anos vai ser suspenso durante o verão, com o agradecimento de toda a paróquia.
(Coro dos maiores de 60 anos será suspenso durante o verão. Os paroquianos agradecem a alegria que proporcionou e esperam ansiosos o retorno das apresentações.)

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Lembrem em suas orações todos os desesperados e cansados da nossa paróquia.
(Lembrem, em suas orações, os desesperados e cansados
paroquianos.)

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O mês de novembro finalizará com uma missa cantada por todos os defuntos da paróquia.
(O mês de novembro será finalizado com uma missa cantada em louvor dos paroquianos que partiram na frente.)

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Por favor, coloquem suas esmolas no envelope junto com os defuntos que desejem que sejam lembrados.
(Por favor, coloquem as esmolas no envelope. Escrevam o nome dos mortos a serem lembrados.)

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Quer mais? Eis três que dispensam comentários:
Venham nos aplaudir. Vamos derrotar o Cristo Rei.
O preço do curso sobre oração e jejum inclui as comidas.
Lembrem-se que quinta-feira começará a catequese para meninos e meninas de ambos sexos. 


sábado, 9 de agosto de 2014

Posts sobre português agora aqui no NONSENSE

#4. Seguindo o que já fazia anos atrás aqui no NONSENSE, e impulsionado por minha amiga Debbie, resolvi postar estas dicas (e aí entrarão outros tipos também) aqui no blog, pois fica mais fácil de encontrá-las. Portanto, após ter repostado as dicas anteriores desta temporada, segue uma dica tamanho gigante de português: o tal do MESMO.

Gente, usar O MESMO e flexões, na norma culta, não tem lugar. Os pronomes existem para fazer o que muita gente adora: usar O MESMO, achando que é chique! “Eu estava na casa de Worney e O MESMO me ofereceu champanha” (aportuguesado é assim mesmo). Então, eu gostaria de saber quem é esse tal de MESMO que oferecia coisas na minha casa!!! Ora, já que podia usar ELE, por que usar O MESMO, não é verdade? “Eu estava na casa de Worney e ELE me ofereceu champanha.”
Em SP, há uma lei que obriga o uso da placa que está abaixo nos elevadores... Entendo que ela seria grafada mais adequadamente assim: “Antes de entrar, verifique se o elevador encontra-se parado no andar.” Viram que nem ELE e nem O MESMO fizeram falta? Toda vez que entro em um elevador por lá, pergunto logo, “MESMO, você está aí?”, porque, pra mim, é uma entidade!



Agora, se quiserem usar o tal do MESMO para reforçar, conforme itálico acima, a coisa muda de figura. “Eu danço até o chão MESMO, disse a bailarina.” Ou então, podemos usá-lo em vários outros sentidos... Para saber mais, acho interessante consultar o “pai dos inteligentes”- tenho preferido o Aulete: http://www.aulete.com.br/mesmo.

Aliás, como estou MESMO com sede, acho que vou tomar uma taça de champanha. Champanha MESMO, Veuve Cliquot, aquele vinho espumante francês, e não sidra Cereser!!! 

Repost: Dicas de Português #1, 2 e 3

#1. Dica de português do dia: apesar de parecidas, as expressões DE ENCONTRO A e AO ENCONTRO DE são diametralmente opostas. Se suas ideias vão DE ENCONTRO ÀS ideias de seu marido, talvez vocês precisem conversar sobre elas, pois têm posições contrárias, de embate; agora, se suas ideias vão AO ENCONTRO DAS ideias de sua esposa, acho que podemos entender que o casal vai bem, obrigado, pois suas ideias estão no mesmo caminho! 

#2. Dica de português do dia: Só Raulzito nasceu "há 10 mil anos atrás", porque ou você nasceu "há 30 anos" ou tal fato aconteceu "30 anos atrás". Tanto HÁ quanto ATRÁS demonstram a mesma ideia, de anterioridade; usar os dois ao mesmo tempo é quase a mesma coisa que subir pra cima e descer pra baixo... Portanto, "eu escrevi este texto há um minuto" ou "eu o escrevi um minuto atrás". E você, o que estava fazendo "há cinco minutos" ou "cinco minutos atrás"? 

#3. Mais dicas de português com o tal do verbo HAVER: No sentido de EXISTIR, o verbo HAVER é invariável quanto ao número, ou seja, independentemente de quantas pessoas HOUVER (e não HOUVEREM), o verbo permanece no singular. Por exemplo: HÁ uma pessoa no quarto, enquanto HÁ duas pessoas na sala. HOUVE várias pessoas na fila hoje, e HAVERÁ muitas outras amanhã.
Se formos, então, pensar no verbo HAVER fora da acepção de EXISTIR, ele será variável, como a maioria. Exemplos: Eles HAVIAM dito isso diante do que nós HAVÍAMOS feito. Eles HOUVERAM por bem trazer as moças que HAVIAM sido acidentadas.

Tenho lido alguns gramáticos sustentarem que o verbo TER, quando usado na acepção de EXISTIR, também não varia. TINHA várias pessoas na festa. Mas, como este uso é mais informal, aplicar a regra da norma culta fica um pouco sem lugar... ou não! Tem muita gente aí?

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Reseña Chilena

Normalmente, gosto de fazer uma pequena (?) resenha sobre minhas viagens, primeiro, porque facilita de eu não ter que contar tudo o tempo todo pra todo mundo, e segundo, porque pode servir aos outros viajantes e àqueles que querem poder-se aventurar em viagens, o que acho digno e justo.
Antes de tudo, quero fazer um desabafo. As pessoas, principalmente as que não estão muito acostumadas  a viajar, não têm ideia do trabalho que dá trazer coisas, principalmente de fora do país, pior ainda na América do Sul com 23 kg de bagagem despachada. Sei que vários dos pedidos, como da maioria dos meus queridos alunos, são de brincadeira ou de se-colar-colou, mas, infelizmente pra uns e felizmente pra mim, as viagens são minhas, e se for pra trazer algo, tem que haver uma justificativa muito grande. Desculpem, mas acho o fim o povo que nem tem nada a ver comigo ficar me pedindo coisas, como se eu tivesse obrigação. E tem mais: nem encomendas, muito menos presentes! O dinheiro que junto é pra meu gasto, não sou Papai Noel!
Bem, agora já devidamente desabafado, vamos a Santiago de Chile.
Pois bem. Esta ida aconteceu meio que por acaso, nas ofertas de última hora, e é aí que vocês conseguem bons preços (Cadastrem-se no www.melhoresdestinos.com.br e recebam boletins diários com preços de passagens baixas; é assim que Mr Wu viaja tanto...), pois dá pra ir pra lá pelo mesmo preço que as viagens tão adoradas pra Porto Seguro e afins, sob as mesmas condições. Hospedagem barata, ficamos em um flat com serviços, no bairro de Providencia, recomendado por ser mais silencioso que o Centro e ter ótimos restaurantes. Ficamos ao lado do metrô, outra dica de sempre pras cidades grandes e desconhecidas; táxi tem um preço até bom. A cidade é tranquila, mas não achei essa Coca-Cola toda, não. Fiquei-me lembrando de várias coisas de Buenos Aires, me disseram que Montevideo é melhor – qualquer hora, vou saber. Ah, e volto a SCL, sim, apesar dos pesares, me gustó mucho.
Comecemos a falar do povo. No meu penúltimo dia lá aconteceu algo incrível. Fui ao Parque Arauco Mall, um shopping chiquetésimo, mas longe inclusive do metrô. Na volta, cansado, decidi usar o ônibus e, qual não foi a minha surpresa quando, ao entrar, vi que não havia trocador, nem o motorista recebia dinheiro, somente o cartão de transporte, que eu, evidentemente, não tinha. Agradeci ao simpático motorista e desci, quando ele me chamou de volta, perguntou de onde eu era e falou para que eu ficasse no ônibus e só me preocupasse em comprar o tíquete pro metrô. Agradeci prontamente e vim até a estação para a qual eu me dirigia, conversando com ele sobre uma série de coisas. Nem perguntei seu nome, mas agradeci mil vezes a gentileza, e acho que ele pode não ter ganhado nada com isso, mas fez algo de que nunca vou-me esquecer, por mais simples que tenha sido. E me parece que os chilenos podem ser assim generosos mesmo. Saindo da Chascona, a casa do poeta Pablo Neruda, estava com o mapa na mão, e um rapaz, que saía de casa, ficou olhando, e perguntou o que eu estava procurando; disse-lhe que procurava algo que por ventura houvesse ali perto e que eu não tinha visto, ele me disse que por ali havia muito a fazer e, como não era nada específico e eu tinha visto a Chascona e o Cerro, que rodasse o bairro, pois valia a pena – muito simpático também.
Então, tempos de Copa, real em baixa por lá (“La ciudad está llena de brasileños, estamos comprando muchos reales.” – justificou-se o moço da casa de câmbio...), assistimos ao 0x0 do Brasil só pela metade, bem como a vitória do Chile também – eram dias de excursão. Achei engraçado que, terminado o primeiro tempo, todo mundo continuou a vida; também o “Chi-Chi-Chi, Le-Le-Le, Viva Chile!” cantado em todos os lugares no país cujo esporte nacional é o rodeio.
Outra coisa engraçada foi eu ir ao Centro ao sábado, por volta das 9h da manhã, e tudo estar fechado (exceto um banco, achei, no mínimo, peculiar). Eles preferem abrir às 11h e fechar mais tarde, foi o que me disse o atendente do Museu Precolombino, que vale a pena visitar, pois traz muito do nosso passado também, com uma parte interativa em que todos viramos crianças, jajaja...
Por perto de Santiago, fomos ao Valle Nevado e a Farellones, parte da Cordillera, onde fizemos o famoso Tubing, conhecido no Brasil como skibunda, em que descemos uma pista gelada sentados em bóias; muito divertido. Encontramos com a Bia (acho digno viajar com crianças, mas você mesma é tão jovem...), que estava com a fofa da Bel e o gente-boníssima do Arthur (Tu, o tio ficou seu fã!).
Com o engraçadíssimo Gustavo, nosso motorista naquele dia (também recomendo contratar um pacote pro dia quando se quiser algo mais prático), visitamos Valparaiso e Viña del Mar, algo que precisa ser feito, mas que também não achei essa coisa toda. No caminho, fizemos uma degustação de queijos e vinhos na Viña Emiliana, que produz orgânicos – aprendemos a diferença entre uma planta orgânica e uma largada com o Gabriel, guia da vinha. Aprendemos também um pouco sobre o processo produtivo dos vinhos e o povo fez algumas compras – eu não fiz nenhuma, fico com as fotos e as lembranças.
Santiago tem cachorros por todos os lados, sejam nas coleiras, sejam soltos pelas ruas. E tem grades pra gente não atravessar fora da faixa também – tive que andar uns 3 ou 4 quarteirões extras por causa disso. Aliás, o sinal de trânsito em algumas esquinas foi algo à parte, vocês devem ter visto no Face ou no Instagram – aquele homenzinho correndo é impagável.
O peso chileno está valendo algo como 1.000  para cada 4 reais, o que faz você se sentir rico com aquele monte de zero, mas pobre quando você tira os zeros e multiplica por 4, pois os preços por lá estão bons como os do Rio, ou seja, surreais!
Atendimento da Lan, na ida, e da Tam, na volta, foram bons, nada de mais ou de menos, mas certamente melhores que os da Gol. Destaque para a programação da TAM com filmes antigos, e acabei assistindo a “Some Like It Hot” (Quanto mais quente, melhor), com a Marilyn Monroe, que só mostra como ela era linda e como foi uma pena ter morrido – recomendo altamente este filme, em preto e branco mesmo. Ainda nos ares, os aeroportos do Brasil não ficaram mesmo prontos e todos sabem disso, mas achei uma verdadeira bagunça o Comodoro Arturo Merlino – não me sai da cabeça uma senhora que quase acompanha sua irmã até o controle de passaporte, coisa que nunca vi em lugar algum. Fila longa e demorada, falta de informatização, mas tudo tem seu lado bom: apesar dos 23 kg, podemos trazer líquidos, e os vinhos vêm na bagagem de mão de quem quer mesmo. Preços no Free Shop de lá melhores do que os daqui, e ofertas bastante variadas.
Falando em vinhos, fomos a excelentes restaurantes, e estavam em uma promoção do estilo “Compre 1, leve 1”, com o detalhe de que tinha mesmo que levar pra casa a segunda garrafa, pois se fosse beber no próprio restaurante, rolha de 4 mil pesos, jajaja...
Para terminar, dois outros pontos interessantes. O Parque de Esculturas, que mostra como o povo se relaciona com a arte, e também há várias delas por toda a cidade, e o Cerro San Cristóbal, de onde se pode ver a cidade toda e os Andes, e que tem a linda estátua da Imaculada Conceição abençoando Santiago – vale a pena subir, pode ser de funicular mesmo (com placas em português macarrônico).

Enfim, foi uma viagem muito boa, que recomendo, principalmente se você tiver amigos maravilhosos como os meus (Lucas y Vitor, ¡gracias!), que deixam tudo mais divertido e organizado, jajaja, deixando Mr Wu em férias de verdade.