terça-feira, 19 de maio de 2009

Dona morte é uma “feladaputa”!

 

Dona Morte é uma feladaputa! Daquelas que aparecem em nossa vida só para nos tirarem alguém de quem gostamos. É, ela é implacável, a tal. E adora nos dar socos na barriga, daqueles que nos deixam sem ar, sem fôlego, com dor de cabeça, com muitas lágrimas. Dona Morte levou Gabriel, alguém que foi colega de faculdade, alguém que foi aluno, alguém que era amigo. Sinto saudades. Estou triste.

A última frase dele no Orkut? I am the Lizard King, I can do anything! – Mr. Mojo Risin. Sim, Biel, você pode fazer qualquer coisa!

Dona Morte é mesmo uma feladaputa!

Tchurma 2

Ritoca, Luke, Taty, Gio, Biel e eu no Pitágoras (2003)…

domingo, 17 de maio de 2009

As Viagens

A viagem do limiar do fim

Então, sempre ficava aqui pensando em como seria lidar com coisas que não existiam. É muito louco, é muita viagem, mas é verdade. E hoje fico tentando pensar em como lidar com coisas que, sim, existem. E isso é difícil, muito difícil, puro NONSENSE. As coisas, as pessoas, o mundo, tudo é muito maluco, e tentar entender a lógica que reside em todos eles é tarefa de louco – e estes, os de verdade, conseguem fazê-lo com maestria, pois são os mais sensíveis para entender tanta, bem, tanta loucura.

Hoje eu temo. Temo por muitas coisas, mas, além de qualquer coisa, temo por mim mesmo. Os cabelos estão embranquejando, os pés de galinha já são mais proeminentes, a capacidade de armazenar informações na cachola está diminuindo, os pés agora incham enquanto a viagem acontece, começo a não dar conta de alguns papos e posicionamentos, enfim, ficando mais velho e, consequentemente, ficando mais chato. E olhem que já julgaram isso impossível.

E quando vai tudo ficando chato, nem a vontade de escancarar para o mundo, só pra ver se rola de supor que a dor dividida é com, literalmente, o mundo, acontece. E vou ficando calado, e o verbo ensimesmar vai sendo conjugado, e o refúgio do meu quarto (em silêncio estanque) parece ser o mais indicado.

Mas aí as circunstâncias vão mudando, o mundo continua em sua viagem louca e nós, passageiros insignificantes, vamos dançando de acordo com a música, tentando adaptar-nos. E aí, ah, sentimos que peixes vivem fora d'água, que humanos somos não sábios, e que não se pode fazer com que as pessoas entendam tudo. Ah, como seria ótimo abrir as mentes e fazer com que elas entendessem que a vida é muito mais. Ah, como eu adoraria ter este poder de não precisar de provar por A + B. Ah, como eu queria... Mas, também, ah, como eu não posso. Ainda que eu tente. Ainda que eu sofra. Ainda que eu chore. Nem sempre é possível. Cara, preste atenção, deixe o racional e o emocional se juntarem, por favor; peço aos céus, mas a resposta não vem, ou se vem eu ainda não a decodifiquei. Porque os sinais são claros, para quem quiser ver ou ouvir. Mas será que querem???

O NONSENSE surgiu a partir das merdas que as pessoas falavam e de que o irritadinho aqui não dava conta. Era uma catarse. Coisa engraçada. Depois se tornou educativa e deseducante ao mesmo tempo. Depois se tornou um fardo. Depois virou um sei-lá-o-quê. Voltou a ser catarse. Une chanson triste para comemorar tamanha tristesse. O maior problema é que é uma catarse que grita muda. Lembro-me agora de "sofro calado na multidão", aquele povo que vê o que bem quer, e que usa esta informação a seu bel prazer. Acho que parei de me incomodar com o que falam: mata-me como agem. Fracos?, uma maioria; safos?, outra maioria; burros?, grande quantidade há. E onde ficam os ícones? Onde fica a ética? Onde fica tudo?

Fica no desejo e no ensejo. Fica no agir sem atenção. Fica na busca eterna. Fica na falta eterna. E fica na inconsequência, porque a ideia de que o mundo é cor-de-rosa pertence aos românticos de carteirinha, porque a gente já entendeu qual é o lance. Ou seríamos todos românticos inveterados?

Parece que tudo isso não faz sentido. Bah, mas isso aqui não se chama MR WU'S NONSENSE???

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As viagens de Gulliver

Desde a Madonna eu não viajava. E acabei viajando em abril, por duas vezes, e ambas foram muito proveitosas.

Na primeira viagem, pude sair um pouco das amarras das dietas e dos remédios, e fiz um pouco de várias coisas boas (ainda que a grande falta insistisse em se perpetrar). Já me tinha refeito de não ter dado conta de muita coisa (estou tentando aprender), e me diverti, e foi muito legal.

Na segunda viagem, o encontro foi ensimesmador novamente, só que com o meu passado. Fui descobrir coisas de fora. Tentei descobrir coisas de dentro. Foi muito bom. Reencontrei família, mergulhei no passado, acenei para o futuro.

E até tenho saído um pouco mais. E tem sido até bom, granas gastas à parte. Conheci e reconheci mais pessoas. Ri muito. Comi, bebi, dancei.

O saldo de Gulliver foi positivo. E qualquer hora eu volto pra tomar mais vinho doce...

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Quando eu crescer... Quero ser que nem a minha mãe!

As viagens do povo

Como eu disse antes, às vezes me pego perguntando como é que o povo consegue não pensar direito, né. Incapacidades, claro, mas a falta de educação me irrita profundamente.

Hoje estava no Centro, esperando estacionado antes do ponto de ônibus na frente do Bretas da Coronel Prates. Primeiramente, havia lá uma Kombi, acho que de um consórcio de compradores de supermercado, porque várias pessoas ali colocavam suas coisas. Esta Kombi estava estacionada no ponto de ônibus, um pouco mais à frente. Isso já me incomodava. Mas eles logo saíram. Aí, veio uma tia que parou seu carro, simplesmente, em frente ao ponto de ônibus, mas bem no meio, diante da estrutura em que as pessoas se sentam. Fiquei sem entender, mas pensei que ela estava apenas parando para deixar alguém, só que a perua e sua filhinha saíram do carro e foram fazer compras!!! Gente, ela ficou no lugar em que mais podia atrapalhar! Nessas horas não há polícia pra multar, né. Porque, como eu digo, coisa errada todo mundo faz, a gente vai além da velocidade permitida, a gente para em local proibido, a gente passa em sinal vermelho, mas tudo tem o limite do quanto aquilo pode ou não atrapalhar os outros! Quem, por exemplo, para em local proibido próximo a uma esquina impede a virada dos ônibus; quem ultrapassa na faixa contínua se esquece de que há outros vindo no sentido contrário, não pensam nos outros, só em si mesmos. Isso sem contar do povo que para no meio de duas vagas no estacionamento, algo que me irrita profundamente. Uma vez deixei um recado para uma tia que sempre parava próximo à escola no meio das duas vagas, e me irritava profundamente. Acho que ela foi aprender a dirigir. Minha vontade foi de fazer o mesmo hoje, mas não deu. Menos 10 pontos!

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A viagem à Academia

Vocês devem saber o quanto eu gosto de estudar português, e tento utilizá-lo da melhor maneira possível. Aí, leio no Estado de Minas as dicas da língua na seção da professora Dad Squarisi, que, com muito bom humor e sagacidade, faz uma leitura sobre a inculta e bela, dá altas explicações e também responde a dúvidas dos leitores, também no Correio Braziliense.

Com a tal da reforma, que pra mim só serviu para piorar algumas coisas, resolvi também escrever, e copiei e colei aí abaixo como ficou isso tudo. A quem tiver interesse, pode ver as outras dicas no próprio Blog da Dad: http://www.dzai.com.br/blogdadad/blog/blogdaddad .

Quarta-feira, 13 de maio de 2009

A Academia Brasileira de Letras está certa?

Woney Brito mora em Montes Claros. Bom mineiro, mantém a tradição da terrinha. Adora português. Por isso lê, estuda, vasculha novidades. Ao tomar conhecimento da reforma ortográfica, devorou tudo o que a imprensa publicou. Mas não ficou satisfeito. Dúvidas permaneceram. Foi, então, à fonte. Entrou no site da Academia Brasileira de Letras e se debruçou na nota explicativa divulgada pela casa de Machado de Assis. Viu, então, este texto:

"Está claro que, para atender a especiais situações de expressividade estilística com a utilização de recursos ortográficos, se pode recorrer ao emprego do hífen nestes e em todos os outros casos que o uso permitir".

Ops! A luz vermelha se acendeu. Ele explica: "Até onde sei, não se pode colocar o pronome oblíquo antes do verbo após pausas de pontuação como se vê no texto. O se depois da vírgula se justifica de alguma maneira? Ou não há a tal regra que me foi ensinada e reensinada por anos? Ou o que, anterior à oração intercalada, exerce atração sobre o pronome? Ou isso faz parte das acepções de alguns daqueles acadêmicos modernosos que dizem que tudo é possível? Ajude-me, por favor. Ou será que devo grafar ‘Por favor, me ajude’"?

Resposta

A colocação do pronome átono é um deus nos acuda. A dificuldade só bate à porta dos nascidos neste país tropical. Os que vêm ao mundo na terra de Camões, o emprego é natural. Sabe por quê? As regras obedecem à pronúncia lusa. Pra eles, o pronome átono é átono de verdade, fraquinho que só (me se pronuncia m’; se, s’; lhe, lh’). Pra nós a história muda de enredo. Ele é fortão. Por isso, na língua informal, iniciamos frase com pronome átono numa boa. Lembra-se do poema de Oswald de Andrade?

Dê-me um cigarro / Diz a gramática / do professor e do aluno / E do mulato sabido / Mas o bom negro e o bom branco / Da nação brasileira / Dizem todos os dias / Deixa disso camarada / Me dá um cigarro.

Jeitinho brasileiro

Viu? A colocação dos pronomes tomou os próprios rumos neste país tropical. Muitos dizem que a liberdade verde-amarela serviu de alerta para os mandachuvas que dividiram o mundo em dois blocos depois da Segunda Guerra. Eles teriam desistido de introduzir o comunismo no Brasil com medo de desmoralizar a novidade. É fato? Talvez. Mas nosso jeito vale ouro.

Duas regras dão conta do recado. Uma: não inicie frase com pronome átono. A outra: ponha o pronome sempre na frente do verbo: Dá-me um cigarro. Dirigiu-lhe a palavra. Obrigou-o a retirar-se. Dize-me com quem andas que te direi quem és. O presidente se retirou antes da sobremesa. A morte não me poderia assustar depois de tudo o que passei. Continuamos a nos exercitar em línguas estrangeiras.

Entenda melhor

Pra acertar sempre, entenda melhor a primeira regra. Iniciar a frase com pronome átono tem dois significados:

Um está na cara. Quer dizer não começar o período com a criatura fraquinha. Assim: Ofereceu-me carona no avião. Foi-se embora sem se despedir. Dá-me um cigarro.

O outro é malandro. Manda respeitar as partículas de atração. Palavras negativas, conjunções subordinativas, advérbios, pronomes interrogativos, indefinidos, relativos etc. e tal funcionam como ímã. Puxam o pequenino pra frente do verbo: Não me telefone, por favor. Aqui se fala português. O candidato que se apresentou primeiro tirou as melhores notas. Quanto lhe custou o carro novo?

É aí que reside a sua dúvida, Woney. A partícula de atração não precisa estar coladinha ao verbo. Mesmo de longe, ela puxa o pronome. Compare: Disse que me telefonaria. Disse que Paulo me telefonaria. Disse que, mesmo doente, me telefonaria. Disse que, apesar de estar com a agenda cheia, me telefonaria.

O texto da ABL obedece a essa norma. O que, mesmo de longe, mantém a força: Está claro que, para atender a especiais situações de expressividade estilística com a utilização de recursos ortográficos, se pode recorrer ao emprego do hífen nestes e em todos os outros casos que o uso permitir".

Olho vivo! No caso, a vírgula distancia o pronome, mas não o desampara. O apoio mantém-se firme e forte, mesmo de longe. Mas não é sempre assim. Há casos em que a pausa desampara o pronome. Que pausa? Vírgula ou ponto e vírgula. Compare: Aqui se fala português. Aqui, fala-se português. O PMDB pressionou o presidente? Não; deu-lhe conselhos. Para se retirar, pediu-me autorização.

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