Normalmente, gosto de fazer uma pequena (?) resenha sobre
minhas viagens, primeiro, porque facilita de eu não ter que contar tudo o tempo
todo pra todo mundo, e segundo, porque pode servir aos outros viajantes e
àqueles que querem poder-se aventurar em viagens, o que acho digno e justo.
Antes de tudo, quero fazer um desabafo. As pessoas, principalmente
as que não estão muito acostumadas a viajar,
não têm ideia do trabalho que dá trazer coisas, principalmente de fora do país,
pior ainda na América do Sul com 23
kg de bagagem despachada. Sei que vários dos pedidos, como
da maioria dos meus queridos alunos, são de brincadeira ou de se-colar-colou, mas,
infelizmente pra uns e felizmente pra mim, as viagens são minhas, e se for pra trazer
algo, tem que haver uma justificativa muito grande. Desculpem, mas acho o fim o
povo que nem tem nada a ver comigo ficar me pedindo coisas, como se eu tivesse obrigação.
E tem mais: nem encomendas, muito menos presentes! O dinheiro que junto é pra meu
gasto, não sou Papai Noel!
Bem, agora já devidamente desabafado, vamos a Santiago de Chile.
Pois bem. Esta ida aconteceu meio que por acaso, nas ofertas
de última hora, e é aí que vocês conseguem bons preços (Cadastrem-se no www.melhoresdestinos.com.br e recebam
boletins diários com preços de passagens baixas; é assim que Mr Wu viaja tanto...),
pois dá pra ir pra lá pelo mesmo preço que as viagens tão adoradas pra Porto Seguro
e afins, sob as mesmas condições. Hospedagem barata, ficamos em um flat com serviços,
no bairro de Providencia, recomendado por ser mais silencioso que o Centro e ter
ótimos restaurantes. Ficamos ao lado do metrô, outra dica de sempre pras cidades
grandes e desconhecidas; táxi tem um preço até bom. A cidade é tranquila, mas não
achei essa Coca-Cola toda, não. Fiquei-me lembrando de várias coisas de Buenos Aires,
me disseram que Montevideo é melhor – qualquer hora, vou saber. Ah, e volto a SCL,
sim, apesar dos pesares, me gustó mucho.
Comecemos a falar do povo. No meu penúltimo dia lá aconteceu
algo incrível. Fui ao Parque Arauco Mall, um shopping chiquetésimo, mas longe inclusive
do metrô. Na volta, cansado, decidi usar o ônibus e, qual não foi a minha surpresa
quando, ao entrar, vi que não havia trocador, nem o motorista recebia dinheiro,
somente o cartão de transporte, que eu, evidentemente, não tinha. Agradeci ao simpático
motorista e desci, quando ele me chamou de volta, perguntou de onde eu era e falou
para que eu ficasse no ônibus e só me preocupasse em comprar o tíquete pro metrô.
Agradeci prontamente e vim até a estação para a qual eu me dirigia, conversando
com ele sobre uma série de coisas. Nem perguntei seu nome, mas agradeci mil vezes
a gentileza, e acho que ele pode não ter ganhado nada com isso, mas fez algo de
que nunca vou-me esquecer, por mais simples que tenha sido. E me parece que os chilenos
podem ser assim generosos mesmo. Saindo da Chascona, a casa do poeta Pablo Neruda,
estava com o mapa na mão, e um rapaz, que saía de casa, ficou olhando, e perguntou
o que eu estava procurando; disse-lhe que procurava algo que por ventura houvesse
ali perto e que eu não tinha visto, ele me disse que por ali havia muito a fazer
e, como não era nada específico e eu tinha visto a Chascona e o Cerro, que rodasse
o bairro, pois valia a pena – muito simpático também.
Então, tempos de Copa, real em baixa por lá (“La ciudad está
llena de brasileños, estamos comprando muchos reales.” – justificou-se o moço da
casa de câmbio...), assistimos ao 0x0 do Brasil só pela metade, bem como a
vitória do Chile também – eram dias de excursão. Achei engraçado que, terminado
o primeiro tempo, todo mundo continuou a vida; também o “Chi-Chi-Chi, Le-Le-Le,
Viva Chile!” cantado em todos os lugares no país cujo esporte nacional é o rodeio.
Outra coisa engraçada foi eu ir ao Centro ao sábado, por volta
das 9h da manhã, e tudo estar fechado (exceto um banco, achei, no mínimo, peculiar).
Eles preferem abrir às 11h e fechar mais tarde, foi o que me disse o atendente do
Museu Precolombino, que vale a pena visitar, pois traz muito do nosso passado também,
com uma parte interativa em que todos viramos crianças, jajaja...
Por perto de Santiago, fomos ao Valle Nevado e a Farellones,
parte da Cordillera, onde fizemos o famoso Tubing, conhecido no Brasil como skibunda,
em que descemos uma pista gelada sentados em bóias; muito divertido.
Encontramos com a Bia (acho digno viajar com crianças, mas você mesma é tão
jovem...), que estava com a fofa da Bel e o gente-boníssima do Arthur (Tu, o tio
ficou seu fã!).
Com o engraçadíssimo Gustavo, nosso motorista naquele dia
(também recomendo contratar um pacote pro dia quando se quiser algo mais
prático), visitamos Valparaiso e Viña del Mar, algo que precisa ser feito, mas que
também não achei essa coisa toda. No caminho, fizemos uma degustação de queijos
e vinhos na Viña Emiliana, que produz orgânicos – aprendemos a diferença entre
uma planta orgânica e uma largada com o Gabriel, guia da vinha. Aprendemos
também um pouco sobre o processo produtivo dos vinhos e o povo fez algumas compras
– eu não fiz nenhuma, fico com as fotos e as lembranças.
Santiago tem cachorros por todos os lados, sejam nas coleiras,
sejam soltos pelas ruas. E tem grades pra gente não atravessar fora da faixa também
– tive que andar uns 3 ou 4 quarteirões extras por causa disso. Aliás, o sinal de
trânsito em algumas esquinas foi algo à parte, vocês devem ter visto no Face ou
no Instagram – aquele homenzinho correndo é impagável.
O peso chileno está valendo algo como 1.000 para cada 4 reais, o que faz você se sentir rico
com aquele monte de zero, mas pobre quando você tira os zeros e multiplica por 4,
pois os preços por lá estão bons como os do Rio, ou seja, surreais!
Atendimento da Lan, na ida, e da Tam, na volta, foram bons, nada
de mais ou de menos, mas certamente melhores que os da Gol. Destaque para a programação
da TAM com filmes antigos, e acabei assistindo a “Some Like It Hot” (Quanto mais
quente, melhor), com a Marilyn Monroe, que só mostra como ela era linda e como foi
uma pena ter morrido – recomendo altamente este filme, em preto e branco mesmo.
Ainda nos ares, os aeroportos do Brasil não ficaram mesmo prontos e todos sabem
disso, mas achei uma verdadeira bagunça o Comodoro Arturo Merlino – não me sai da
cabeça uma senhora que quase acompanha sua irmã até o controle de passaporte, coisa
que nunca vi em lugar algum. Fila longa e demorada, falta de informatização, mas
tudo tem seu lado bom: apesar dos 23
kg , podemos trazer líquidos, e os vinhos vêm na bagagem de
mão de quem quer mesmo. Preços no Free Shop de lá melhores do que os daqui, e ofertas
bastante variadas.
Falando em vinhos, fomos a excelentes restaurantes, e estavam
em uma promoção do estilo “Compre 1, leve 1” , com o detalhe de que tinha mesmo que levar pra
casa a segunda garrafa, pois se fosse beber no próprio restaurante, rolha de 4 mil
pesos, jajaja...
Para terminar, dois outros pontos interessantes. O Parque de
Esculturas, que mostra como o povo se relaciona com a arte, e também há várias delas
por toda a cidade, e o Cerro San Cristóbal, de onde se pode ver a cidade toda e
os Andes, e que tem a linda estátua da Imaculada Conceição abençoando Santiago
– vale a pena subir, pode ser de funicular mesmo (com placas em português macarrônico).
Enfim, foi uma viagem muito boa, que recomendo, principalmente
se você tiver amigos maravilhosos como os meus (Lucas y Vitor, ¡gracias!), que deixam
tudo mais divertido e organizado, jajaja, deixando Mr Wu em férias de verdade.