segunda-feira, 29 de agosto de 2011

NONSENSE of the day on flying...

Então, para quem não conheceu o antigo NONSENSE, este título é corruptela evolutiva de "Nonsense of the common sense", baseado nas histórias bizarras de minhas viagens de ônibus, 8h que separam BH de casa, pioradas quando eu voltava, todo choroso, a morar em Moc-Roça-City em 2001 e 2003. Era tanta merda que eu ouvia nos ônibus que eu, nervoso como estava, só podia rir, porque não havia alternativa.

Só que agora, passados vários anos, graças aos céus, literalmente, os tempos são outros, e a gente consegue chegar à civilização da roça grande chamada BH em 1h; 38 minutos até Confins, pra ser mais exato (sim, não é BH, mas só o cheiro já muda). E isso tudo só me faz lembrar de que, antigamente, viajar de avião era coisa de gente chique, mas hoje a coisa mudou, só não viaja de avião quem não quer ou não planeja, porque, fora isso...

Ao contrário do que havia prometido a mim mesmo, acabei fazendo viagens terrestres este ano por força das circunstâncias, mas de avião é muito mais interessante, ainda que o lanche agora seja só um copo de bebida qualquer, não haja revista de bordo do mesmo jeito e nem a barrinha de cereal faça mais parte do cardápio.

Eu sou que nem criança, dá até vontade de chorar quando vejo a mágica daquele trambolho de não-sei-quantas toneladas despegar (!) da terra, e de como eu sempre procuro ver minha casa quando estou lá em cima – consigo, na maioria das vezes. Sempre amei Santos Dumont; os americanos preferem falar que foram os irmãos Wright, mas o problema sexual é deles, porque foi Monsieur Santô que inventou o tal do mais-pesado-que-o-ar. Acho aviões fascinantes! Adoro, agora, quando eles falam pra gente prestar atenção às instruções de segurança, ainda que sejamos passageiros frequentes – frequent flyers fica mais bonitinho, que nem poke, ao invés de 'cutucar', e tag, ao invés de 'marcar' no Facebook – chega dar um friozinho na barriga, e fico vendo aquela pragmática toda, pensando nos incidentes... Xô!

Enfim. Fico imaginando a vida daqueles comissários que acordam em um lugar, dormem em outro e percorrem milhares de milhas sem sair do lugar; também já quis ser garçom aéreo, mas não consegui, e hoje nem sei se quero; é que nem quando decidi não ser padre porque demoraria muito pra chegar ao cardinalato... Dia desses, no enoooooooooorme aeroporto de Montes Claros, encontrei o Ítalo, meu ex-aluno, que agora trabalha na Qatar Airways (se não me engano), phynno que só ele; vivo vendo as fotos dele em tudo quanto é lugar do mundo. Falamos da parte glamurosa, mas sei que deve ter a parte chatésima daquele povo metido, justamente porque tá andando de avião, supondo-se deuses.

Quando vim da Europa em 2000, a Polícia Federal prendeu a Priscila, uma espécie de pigmeia carioca-alemã, que estava perturbando todo o voo, o que é crime, e que também havia, digamos, gostado da minha pessoa... A pior parte foi o povo pensar que ela era minha parenta, ora pois (parenta, que nem presidenta!). Já encontrei diversas personagens nestes últimos tempos, e com direito a ouvir aqueles mesmos papos nonsensical das viagens de ônibus, com a diferença que a classe C agora acessa o que antes parecia intransponível, e você paga mais barato pra voar do que pras 48h que separam qualquer lugar de lugar qualquer por terra... Ah, e por favor, caprichem na vestimenta. Digo, não é pra ficar toda luxuosa, que não precisa, a não ser que isso seja o seu natural, mas também não rola ficar parecendo que tá indo pra praia, né, aliás, isso em qualquer meio de transporte que não seja seu carro...

Pois é, Montes Claros agora tem 8 voos diários, para PLU e CNF, o que me deixa menos intranquilo em saber que não estou tão longe da civilização. E os preços, quando com sorte ou no planejamento, são bem interessantes... Precisam é melhorar aquele campo de aviação, como diz minha mãe, e facilitar, principalmente, o desembarque, e melhorar os horários, para evitar aquele tumulto todo com 2 voos saindo com 10 minutos de diferença.

Aliás, falando em aeroporto, um adendo: uma dia me perguntaram se eu já sofri preconceito por ser negro. Claro que sim, respondi, e perguntaram onde já havia acontecido. Respondei que "em todo lugar, exceto no aeroporto". E isso é interessante. Lá eles me chamam de Senhor e costumam ser simpáticos (ou não), mas de maneira igual. Ser preto, usar óculos esquisitos, ter o cabelo pra cima, falar baixo e me vestir diferente não se mostraram, ainda, como motivadores à prática discriminatória. Não sei se é porque eles são bem treinados, não sei se é porque o ambiente enseja outro tipo de coisas, mas sei que o fato é este, e isso também me faz muito feliz em voar.

Bem, no fim das contas, só me resta pedir às companhias aéreas que melhorem o inglês de seus comissários porque, putz, é cada coisa que ouço que tenho certeza de que o passageiro que não fala português pode ficar ainda mais perdido.

Ósculos e amplexos! ®

 

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